A NASA divulgou uma simulação feita por supercomputadores que mostra como seria a experiência de cair em um buraco negro com uma massa equivalente a 4,3 milhões de vezes a do Sol. Essa visualização busca responder uma das perguntas mais intrigantes da astrofísica.
Buracos negros estão entre os maiores mistérios do Universo. Eles são objetos astronômicos com enormes concentrações de matéria comprimidas em um espaço muito pequeno. Sua gravidade é tão intensa que, além de distorcer o espaço-tempo, impede até a luz de escapar do horizonte de eventos — a fronteira além da qual nada pode retornar.
Jeremy Schnittman, astrofísico do Centro de Voos Espaciais Goddard da NASA, explica que os buracos negros supermassivos possuem horizontes de eventos enormes e uma força gravitacional descomunal. Isso significa que um objeto seria esticado e desintegrado muito antes de atravessar essa barreira.
Para criar a simulação, Schnittman utilizou o supercomputador da NASA chamado Discover. Um computador comum levaria mais de uma década para processar todas as informações necessárias, mas o supercomputador levou apenas alguns dias. Foram usados cerca de 0,3% dos 139 mil processadores disponíveis, o que gerou aproximadamente 10 terabytes de dados.
Na simulação, uma nuvem de gás quente e brilhante orbita o buraco negro, criando um disco de acreção. Quando a câmera se aproxima, o disco e o fundo estrelado começam a se distorcer, evidenciando os efeitos do campo gravitacional extremo. A luz ao redor do buraco negro se dobra, causando distorções visuais intensas conforme o objeto se aproxima do horizonte de eventos.
Em tempo real, uma pessoa levaria cerca de três horas para alcançar o horizonte de eventos. Porém, à medida que o objeto se aproxima, a percepção do tempo para um observador externo começaria a desacelerar drasticamente, criando a ilusão de que o objeto nunca atinge o buraco negro. Dentro do horizonte de eventos, a câmera, que representa a perspectiva do objeto em queda, registra uma rápida aceleração até o ponto de não retorno, onde o destino final é a singularidade — um local de densidade infinita, onde as leis da física conhecidas deixam de existir.
A simulação traz uma visão fascinante e didática sobre o que aconteceria ao cair em um buraco negro, destacando como essas entidades misteriosas continuam a cativar cientistas e astrônomos em todo o mundo.